10 melhores Poemas de Cora Coralina para ler em sala de aula

Cora Coralina (1889-1985) foi uma poetisa e contista brasileira. Publicou seu primeiro livro quando tinha 76 anos e tornou-se uma das vozes femininas mais relevantes da literatura nacional. Portanto, nesta publicação, apresentamos os 10 melhores Poemas de Cora Coralina para ler em sala de aula, transportando os leitores para um mundo de detalhes encantadores. Acompanhe cada poema com breves descrições que intensificam a experiência literária. Explore o universo poético de Cora Coralina de uma maneira cativante.

10 melhores Poemas de Cora Coralina para ler em sala de aula

1. Aninha e suas Pedras

Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

O poema exalta a terra natal de Cora Coralina, apresenta uma visão minuciosa e perspicaz da paisagem. Com um olhar honesto, retrata tanto os aspectos negativos, como a umidade e o lodo, quanto os elementos positivos, como o sol e a renovação simbolizada pela avenca.

2. O cântico da Terra.

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

Cora Coralina, que viveu grande parte de sua vida em Goiás, tinha um profundo amor pela terra e pela vida no campo. Neste poema, ela nos convida a refletir sobre a grandiosidade da natureza e a reconhecer a vital necessidade de preservarmos com zelo o nosso amado planeta.

3. Becos de Goiás

Becos da minha terra…
Amo tua paisagem triste, ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce fugidia,
e semeias polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha, jogada no monturo.

Amo a prantina silenciosa do teu fio de água,
Descendo de quintais escusos sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano.
Amo a avenca delicada que renasce
Na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada

O poema exalta a terra natal de Cora Coralina, apresenta uma visão minuciosa e perspicaz da paisagem. Com um olhar honesto, retrata tanto os aspectos negativos, como a umidade e o lodo, quanto os elementos positivos, como o sol e a renovação simbolizada pela avenca.

4. Meu Destino

Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.

Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.

Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…

Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.

Esse dia foi marcado
com a pedra branca da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

Este é um poema que retrata um amor sereno, correspondido e duradouro. Os versos apresentam um retrato da vida antes, durante e após o encontro com sua alma gêmea.

5. Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.

Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

O poema retrata a vida simples de Cora Carolina, que mesmo diante da pobreza e das dificuldades da vida, decidiu tomar uma atitude: não permitir que sua condição financeira a amargurasse. Em vez disso, escolheu encarar cada obstáculo como uma oportunidade de aprendizado.

6. Ressalva

Este livro foi escrito
por uma mulher
que no tarde da Vida
recria a poetiza sua própria
Vida.

Este livro
foi escrito por uma mulher
que fez a escalada da
Montanha da Vida
removendo pedras
e plantando flores.

Este livro:
Versos… Não.
Poesia… Não.
Um modo diferente de contar velhas estórias.

Este poema foi retirado do primeiro livro publicado por Cora Carolina, um texto autobiográfico e metapoético, que descortina os bastidores da escrita. Ela lançou este livro de poesias aos 76 anos de idade. O que fica claro nos primeiros versos da poesia.

7. Assim vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado

Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações

E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes

Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo

Aprendi a viver.

Este poema autobiográfico retrata com maestria as batalhas e obstáculos enfrentados por Cora Carolina, uma mulher madura. É como se ela, no fim da vida, lançasse um olhar retrospectivo sobre as escolhas que fez ao longo de sua jornada.

8. Cora Coralina, Quem É Você?

Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades.

Nasci numa rebaixa de serra
entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
o ouro e deixaram as pedras.

Junto a estas decorreram
a minha infância e adolescência.

Aos meus anseios respondiam
as escarpas agrestes.
E eu fechada dentroda imensa serrania
que se azulava na distância
longínqua.

Numa ânsia de vida eu abria
o vôo nas asas impossíveis
do sonho.

Venho do século passado.
Pertenço a uma geração
ponte, entre a libertação
dos escravos e o trabalhador livre.
Entre a monarquia
caída e a república
que se instalava.

Todo o ranço do passado era
presente.
A brutalidade, a incompreensão,
a ignorância, o carrancismo.

Neste poema exploramos tanto o cenário familiar quanto os obstáculos superados por Cora Carolina para conseguir estudar. Até mesmo a situação política do país, com a libertação dos escravos e Brasil república.

9. Conclusões de Aninha

Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.

O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?

Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
“A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar.”
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.

Este texto é uma reflexão sobre a necessidade de reinventar a vida. O eu lírico enfatiza a importância da resiliência e destaca que, ao adotar novas abordagens, o ser humano é capaz de superar os desafios que o cercam.

10. Considerações de Aninha

Melhor do que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos

O eu lírico estabelece uma analogia entre a “criatura” e a “criação”, explorando suas características distintas. Enquanto a criatura é moldada com base em limitações, o criador revela-se como um ser supremo, capaz de refletir sua grandiosidade na obra realizada. Essa comparação nos conduz a uma reflexão profunda sobre a relação entre o criador e sua criação, evidenciando a superioridade.

Confira também nosso artigo com Poemas sobre o Meio Ambiente para Trabalhar em Sala de Aula

Gostaria de ver também uma Atividade sobre Interpretação de Poema. Clique Aqui

Compartilhe este Material:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *