10 Contos para Trabalhar em Sala de Aula

Vamos mergulhar no fascinante mundo dos contos? Os Contos são uma forma cativante de ensinar e entreter os estudantes em sala de aula. Nesta postagem, apresentaremos 10 Contos para Sala de Aula, despertando a curiosidade dos alunos e estimulando a imaginação.

1. O Jabuti e a Raposa

Contos para Sala de Aula

Jabuti meteu-se pela sua toca adentro, assoprou na flauta, e pôs-se a dançar:
“Tin, tin, tin,
Olô, olô, olô”
Veio a raposa, e gritou por ele:
— Ó jabuti!
O jabuti respondeu:
— Oi! Vamos, raposa! Quem vai adiante?
A raposa disse:
— Tu, jabuti!
— Está bom, raposa. Quantos anos são precisos?
A raposa respondeu:
— Dois anos.
Então a raposa fechou o jabuti no fundo da toca. Depois que acabou de o fechar, disse:
— Adeus, jabuti, vou-me embora.
De ano em ano, vinha falar com o jabuti; chegava à boca da toca, e chamava por ele:
— Ó jabuti!
O jabuti respondia:
— Ó raposa! Já estarão amarelas as frutas do taperebá?
A raposa respondia:
— Ainda não, jabuti; agora os taperebazeiros estão apenas em flor. Adeus, jabuti, ainda me vou desta vez.
Quando foi o tempo do jabuti sair, a raposa veio, chegou à boca da toca, e chamou.
O jabuti perguntou:
— Já estão amarelas as frutas do taperebá?
A raposa respondeu:
— Agora, sim, jabuti. Agora em verdade já estão embaixo da árvore grande uma porção delas.
O jabuti saiu e disse:
— Entra agora, raposa!
A raposa respondeu:
— Quantos anos são precisos, jabuti?
O jabuti respondeu:
— Quatro anos, raposa.
O jabuti meteu a raposa no fundo da toca e foi-se embora.
Um ano depois o jabuti voltou para falar com a raposa, chegou à boca da toca e chamou:
— Ó raposa!
A raposa respondeu:
— Já estarão amarelos os ananases, jabuti?
O jabuti respondeu:
— Ora! Ainda não estão, raposa. Ainda andam agora a roçar. Eu vou-me embora! Adeus, amiga raposa.
Dois anos depois, o jabuti voltou e chamou:
— Ó raposa!
Tudo calado. O jabuti chamou segunda vez. Tudo calado.
Só saíam moscas do fundo da toca.
O jabuti abriu a boca da toca, e disse:
— Esta diaba já morreu!
O Jabuti puxou-a para fora:
— Eu bem te tinha dito, raposa! Tu não eras forte o suficiente para medires forças comigo! O jabuti deixou-a ficar e foi-se embora.

Fonte: https://www.pensador.com/o_jabuti_e_a_raposa/

 

2. A Onça e o Bode

Contos para Sala de Aula

Uma onça queria fazer uma casa e achou um lugar onde tirou o mato para ali fazer a sua casa.

O bode, que também andava com vontade de fazer uma casa, foi procurar um lugar, e, chegando no que a onça tinha aberto espaço no mato, disse:

— Bravo! Que belo lugar para levantar a minha casa!

O bode cortou logo umas palhas e fixou naquele lugar. Depois se foi embora.

No dia seguinte, a onça lá chegando e vendo as palhas, disse:

— Oh! Quem me está ajudando?! Bravo, é Deus que está me ajudando!

Começou a armar todas as palhas, e foi-se.

O bode, quando veio de novo, admirou-se e disse:

— Oh! Quem está me ajudando?! É Deus que está me protegendo.

Botou logo a armação do telhado na casa, e foi-se.

Vindo a onça, ainda mais se espantou, e botou as ripas e os enchimentos e retirou-se.

O bode veio, e levantou a casa e foi-se. A onça veio e cobriu. O bode veio e tapou. Assim foram, cada um por sua vez, aprontando a casa. Finalizada, veio a onça, fez a sua cama e meteu-se dentro. Logo depois chegou o bode, e, vendo a outra, disse:

— Não, amiga, esta casa é minha, porque fui eu quem fixei as palhas, armei o telhado, levantei, e tapei.

— Não, amigo, respondeu a onça, a casa é minha, porque fui eu que retirei o mato do lugar, botei as travessas, as ripas, os enchimentos, e o cobri.

Depois de um tempo, a onça, que estava com vontade de comer o bode, disse:

— Mas não haja briga, amigo bode, nós dois podemos ficar morando na casa.

O bode aceitou, mas com muito medo. O bode armou a sua rede bem longe da onça. No outro dia a onça disse:

— Amigo bode, quando você me vir franzir o couro da testa, eu estou com raiva, tome sentido!

— Eu, amiga onça, quando você me vir balançar as minhas barbinhas ali nas goteiras e dar um espirro, você fuja, que eu não estou de brincadeira.

Depois a onça saiu, dizendo que ia buscar de comer. Lá, por longe de casa, pegou um grande bode e, para fazer medo ao seu companheiro, matou-o, e entrou com ele pela casa adentro. Atirou-o no chão e disse:

— Está aqui, amigo bode, esfole e trate para nós comer.

O bode, quando viu aquilo, disse lá consigo: “Quando este, que era tão grande, você matou, quanto mais a mim!”

No outro dia ele disse à onça:

— Agora, amiga onça, quem vai buscar de comer sou eu.

E largou-se. Chegando longe, avistou uma onça bem grande e gorda, disfarçou e pôs-se a tirar cipós no mato. A onça veio chegando, e, vendo aquilo, disse:

— Amigo bode, para que tanto cipó?

— Para quê?! O negócio é sério, trate de si… O mundo está para acabar, e é com dilúvio…
— O que está dizendo, amigo bode?

— É verdade. E você, se quiser escapar, venha se amarrar, que eu já me vou.

A onça foi, e escolheu um pau bem alto e grosso, pedindo ao bode para que a amarrasse. O bode amarrou-a perfeitamente e, quando a viu bem segura, meteu-lhe o cacete, até matá-la. Depois arrastou-a.

Chegou em casa, largou-a no chão, dizendo:

— Está aqui. Se quiser esfole e trate.

A onça ficou espantada e com medo. Ambos temiam um ao outro.

Certo dia, o bode estava tomando ar fresco e olhou para a onça, ela estava com o couro da testa franzido. Ele teve receio, abalou as barbas e largou um espirro. Logo correram cada um para seu lado.

E ainda hoje correm de medo um do outro…

Fonte: https://www.pensador.com/a_onca_e_o_bode/

 

3. O Sapo e o Veado

Contos para Sala de Aula

Carla Irusta

Certa vez, um sapo e um veado queriam ambos casar com uma moça.

Para decidirem a questão, fizeram uma aposta. Havia duas estradas; então, o veado disse que aquele que chegasse primeiro ao fim delas, se casaria com a moça. Quando ele cantasse, o sapo deveria responder. Ficou tudo combinado e cada qual seguiu por sua estrada.

O veado estava muito alegre, julgando ser ele quem ganhava a aposta. No entanto, o sapo, muito sabido, reuniu todos os sapos, um atrás do outro, em toda a extensão do caminho. Ele ordenou que aquele que ouvisse o veado cantar e estivesse mais perto dele, respondesse. E foi se colocar lá no fim da estrada.

Os sapos todos ficaram alertas e quando o veado cantava:

— Laculê, laculê, laculê

O sapo que estava mais perto respondia:

— Gulugubango, bango lê.

O veado corria, corria e voltava a gritar:

— Laculê, laculê, laculê.

O sapo que estava mais perto respondia:

— Gulugubango, bango lê.

O veado ficava desesperado e corria ainda mais, dizendo:

— Agora ele não ouve.

Tornava a cantar a mesma coisa e o sapo respondiam.

Quando o veado chegou no fim da estrada, já encontrou o sapo e foi este que se casou com a moça.

O veado ficou desesperado e disse:

— Aquele sapo me paga.

E quando foi na noite do casamento, encheu um poço, que tinha no quintal do sapo, de água fervendo.

Quando foi de madrugada, o sapo viu que moça estava dormindo, saiu da cama devagarinho e correu para dentro do poço. Quando foi caindo dentro, não disse mais nem “ai Jesus!”. E morreu logo.

O veado ficou muito alegre e casou-se com a mesma moça.

Fonte: https://www.pensador.com/o_sapo_e_o_veado/

 

4. O Discípulo, de Oscar Wilde

Contos para Sala de Aula

Quando Narciso morreu o lago de seu prazer mudou de uma taça de águas doces para uma taça de lágrimas salgadas, e as oréades vieram chorando pela mata com a esperança de cantar e dar conforto ao lago.

E quando elas viram que o lago havia mudado de uma taça de águas doces para uma taça de lágrimas salgadas, elas soltaram as verdes tranças de seus cabelos e clamaram: “Nós entendemos você chorar assim por Narciso, tão belo ele era.”

“E Narciso era belo?”, disse o lago.

“Quem pode sabê-lo melhor que você?”, responderam as oréades. “Por nós ele mal passava, mas você ele procurava, e deitava em suas margens e olhava para você, e no espelho de suas águas ele refletia sua própria beleza.”

E o lago respondeu, “Mas eu amava Narciso porque, quando ele deitava em minhas margens e olhava para mim, no espelho de seus olhos eu via minha própria beleza refletida”.

Fonte: https://www.culturagenial.com/contos-curtos-para-ler-agora-mesmo/

 

5. O jabuti e a onça

Uma vez a onça ouviu o jabuti tocar a sua gaita debicando outra onça e veio ter com o jabuti e perguntou-lhe:

— Como tocas tão bem a tua gaita?

O jabuti respondeu: “Eu toco assim a minha gaita: o osso do veado é a minha gaita, ih! Ih!”

A onça tornou: “A modo que não foi assim que eu te ouvi tocar!”

O jabuti respondeu: “Arreda-te mais para lá um pouco, de longe te há de parecer mais bonito.”

O jabuti procurou um buraco, pôs-se na soleira da porta, e tocou na gaita: “o osso da onça é a minha gaita, ih! Ih!”

Quando a onça ouviu, correu para o pegar. O jabuti meteu-se pelo buraco a dentro.

A onça meteu a mãos pelo buraco, e apenas lhe agarrou a perna.

O jabuti deu uma risada, e disse: “Pensavas que agarravas a minha perna e agarraste a raiz do pau!”

A onça disse-lhe: “Deixa-te estar!”

Largou então a perna do jabuti.
O jabuti riu-se uma segunda vez, e disse:

— De fato era a minha própria perna.

A grande tola da onça esperou ali, tanto esperou, até que morreu.

Fonte: https://www.culturagenial.com/contos-populares-comentados/

 

6. O pescador


Havia um homem que era pescador e tinha uma filha. Um dia, ele foi pescar e achou uma joia no mar, muito bonita. Ele voltou para casa muito alegre e disse à filha: “Minha filha, eu vou dar esta joia de presente ao rei.” A filha disse que ele não desse, e antes guardasse, mas o velho não a ouviu e levou a joia ao rei.

Este recebeu a joia e disse ao velho que (sob pena de morte) queria que ele lhe levasse sua filha ao palácio: nem de noite, nem de dia, nem a pé́, nem a cavalo, nem nua, nem vestida. O velho pescador voltou para casa muito triste, o que vendo a filha, perguntou-lhe o que tinha.

Então, o pai respondeu que estava triste porque o rei tinha-lhe ordenado que ele a levasse, nem de dia, nem de noite, nem a pé́, nem a cavalo e nem nua, nem vestida. A moça disse ao pai que descansasse, que ficava tudo por conta dela, e pediu que lhe desse uma porção de algodão e saiu montada no carneirinho.

Quando chegaram no palácio, o rei ficou muito contente e satisfeito, porque o velho tinha cumprido o que havia ordenado sob pena de morte. A moça ficou no palácio e o rei disse-lhe que ela podia escolher e levar para casa a coisa de que mais lhe agradasse dali.

Na ocasião do jantar, a moça deitou um bocado de dormideira no copo de vinho do rei e chamou os criados e mandou preparar uma carruagem. Quando o rei tomou o vinho, deu-lhe logo muito sono e foi dormir. A carruagem já estava preparada e a moça mandou os criados botarem o rei dentro e largou-se para casa.

Quando o rei acordou da dormideira, achou-se na casa do velho pescador, deitado em uma cama e com a cabeça no colo da moça. O rei ficou muito espantado e perguntou o que queria dizer aquilo. Ela então respondeu que ele tinha dito que podia trazer do palácio aquilo que mais lhe agradasse e do que mais ela se agradou foi dele. O rei ficou muito contente de ver a sabedoria da rapariga e casou-se com ela, havendo muita festa no reino.

Fonte: https://www.culturagenial.com/contos-populares-comentados/

 

7. O Menino e o Padre (com moral da história)

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Um padre andava pelo sertão e, certa vez, com muita sede, aproximou-se de uma cabana e chamou por alguém de dentro.

Veio então lhe atender um menino muito pequeno.
– Bom dia meu filho, você não tem por aí uma aguinha aqui para o padre?

– Água tem não senhor, aqui só tem um pote cheio de garapa (caldo de cana) de açúcar, se o senhor quiser… – disse o menino.

– Serve, vá buscar. – pediu-lhe o padre.

E o menino trouxe a garapa dentro de uma cabaça (recipientes para armazenamento de água feito de fruto em forma de vaso). O padre bebeu bastante e o menino ofereceu mais. Meio desconfiado, mas, como estava com muita sede, o padre aceitou.

Depois de beber, o padre curioso perguntou ao menino:

– Me diga uma coisa, sua mãe não vai brigar com você por causa dessa garapa?

– Briga não senhor. Ela não quer mais essa garapa, porque tinha uma barata morta dentro do pote.

Surpreso e revoltado, o padre atirou a cabaça no chão e está quebrou-se em mil pedaços, e exclamou:

– Moleque danado, por que não me avisou antes?

O menino olhou desesperado para o padre, e então disse em tom de lamento:

– Agora sim eu vou levar uma surra das grandes, o senhor acaba de quebrar a cabaça que a vovó usa para fazer xixi dentro!

Fonte: https://www.pensador.com/o_menino_e_o_padre/

 

8. Perplexidade, de Maria Judite de Carvalho

Cartas Abertas

A criança estava perplexa. Tinha os olhos maiores e mais brilhantes do que nos outros dias, e um risquinho novo, vertical, entre as sobrancelhas breves.

– Não percebo, disse.

Em frente da televisão, os pais. Olhar para o pequeno écran era a maneira de olharem um para o outro. Mas nessa noite, nem isso. Ela fazia tricô, ele tinha o jornal aberto. Mas tricô e jornal eram álibis. Nessa noite recusavam mesmo o écran onde os seus olhares se confundiam. A menina, porém, ainda não tinha idade para fingimentos tão adultos e subtis, e, sentada no chão, olhava de frente, com toda a sua alma. E então o olhar grande a rugazinha e aquilo de não perceber.

– Não percebo, repetiu.

O que é que não percebes? disse a mãe por dizer, no fim da carreira, aproveitando a deixa para rasgar o silêncio ruidoso em que alguém espancava alguém com requintes de malvadez.

– Isto, por exemplo.
– Isto o quê?
– Sei lá. A vida, disse a criança com seriedade.

O pai dobrou o jornal, quis saber qual era o problema que preocupava tanto a filha de oito anos, tão subitamente. Como de costume preparava-se para lhe explicar todos os problemas, os de aritmética e os outros.

– Tudo o que nos dizem para não fazermos é mentira.
– Não percebo.
– Ora, tanta coisa. Tudo. Tenho pensado muito e… dizem-nos para não matar, para não bater. Até não beber álcool, porque faz mal. E depois a televisão… nos filmes, nos anúncios… Como é a vida, afinal?
– A mão largou o tricô e engoliu em seco. O pai respirou fundo como quem se prepara para uma corrida difícil.
– Ora vejamos, disse ele olhando para o teto em busca de inspiração. A vida…
Mas não era tão fácil como isso falar do desrespeito, do desamor, do absurdo que ele aceitara como normal e que a filha, aos oito anos, recusava.
– A vida…, repetiu.
As agulhas do tricô tinham recomeçado a esvoaçar como pássaros de asas cortadas.

Fonte: https://www.culturagenial.com/contos-curtos-para-ler-agora-mesmo/

 

9. As Fadas

Era uma vez uma viúva que tinha duas filhas.

A mais velha se parecia tanto com ela, no humor e de rosto, que quem a via, enxergava a própria mãe. Mãe e filha eram tão desagradáveis e orgulhosas que ninguém as suportava.

A filha mais nova, que era o retrato do pai, pela doçura e pela educação, era, ainda por cima, a mais linda moça que já se viu.

Como queremos bem, naturalmente, a quem se parece conosco, essa mãe era louca pela filha mais velha. E tinha, ao mesmo tempo, uma tremenda antipatia pela mais nova, que comia na cozinha e trabalhava sem parar como se fosse uma criada.

Tinha a pobrezinha, entre outras coisas, de ir, duas vezes por dia, buscar água a meia légua de casa, com uma enorme moringa, que voltava cheia e pesada.

Um dia, nessa fonte, lhe apareceu uma pobre velhinha, pedindo água:

– Pois não, boa senhora – disse a linda moça.

E, enxaguando a moringa, tirou água da mais bela parte da fonte, dando-lhe de beber com as próprias mãos, para auxiliá-la.

A boa velhinha bebeu e disse:

– Você é tão bonita, tão boa, tão educada, que não posso deixar de lhe dar um dom. Na verdade, essa mulher era uma fada, que tinha tomado a forma de uma pobre camponesa para ver até onde ia a educação daquela jovem.

– A cada palavra que falar – continuou a fada -, de sua boca sairão uma flor ou uma pedra preciosa.

Quando a linda moça chegou à casa, a mãe reclamou da demora.

– Peço-lhe perdão, minha mãe – disse a pobrezinha -, por ter demorado tanto.
E, dizendo essas palavras, saíram-lhe da boca duas rosas, duas pérolas e dois enormes diamantes.

– O que é isso? – disse a mãe espantada -, acho que estou vendo pérolas e diamantes saindo da sua boca. De onde é que vem isso, filha? Era a primeira vez que a chamava de filha.

A pobre menina contou-lhe honestamente tudo o que tinha acontecido, não sem pôr para fora uma infinidade de diamantes.

– Nossa! – disse a mãe -, tenho de mandar minha filha até a fonte.

– Filha, venha cá, venha ver o que está saindo da boca de sua irmã quando ela fala; quer ter o mesmo dom? Pois basta ir à fonte, e, quando uma pobre mulher lhe pedir água, atenda-a educadamente.

– Só me faltava essa! – respondeu a mal-educada- Ter de ir até a fonte!
– Estou mandando que você vá – retrucou a mãe -, e já.

Ela foi, mas reclamando. Levou o mais bonito jarro de prata da casa.

Mal chegou à fonte, viu sair do bosque uma dama magnificamente vestida, que veio lhe pedir água.

Era a mesma fada que tinha aparecido para a irmã, mas que surgia agora disfarçada de princesa, para ver até onde ia a educação daquela moça.

– Será que foi para lhe dar de beber que eu vim aqui? – disse a grosseira e orgulhosa. – Se foi, tenho até um jarro de prata para a madame! Tome, beba no jarro, se quiser.

– Você é muito mal-educada – disse a fada, sem ficar brava.

– Pois muito bem! Já que é tão pouco cortês, seu dom será o de soltar pela boca, a cada palavra que disser, uma cobra ou um sapo.

Quando a mãe a viu chegar, logo lhe disse:

– E então, filha?

– Então, mãe! – respondeu a mal-educada, soltando pela boca duas cobras e dois sapos.

– Meu Deus! – gritou a mãe -, o que é isso? A culpa é da sua irmã, ela me paga. E imediatamente ela foi atrás da mais nova para espancá-la.

A pobrezinha fugiu e foi se esconder na floresta mais próxima.

O filho do rei, que estava voltando da caça, encontrou-a e, vendo como era linda, perguntou-lhe o que fazia ali tão sozinha e por que estava chorando.

– Ai de mim, senhor, foi minha mãe que me expulsou de casa.

O filho do rei, vendo sair de sua boca cinco ou seis pérolas e outros tantos diamantes, pediu-lhe que lhe dissesse de onde vinha aquilo.

Ela lhe contou toda a sua aventura. O filho do rei apaixonou-se por ela e, considerando que tal dom valia mais do que qualquer dote, levou-a ao palácio do rei, seu pai, onde se casou com ela.

Quanto à irmã, a mãe ficou tão irada contra ela que a expulsou de casa.
E a infeliz, depois de muito andar sem encontrar ninguém que a abrigasse, acabou morrendo num canto do bosque.

Fonte: https://www.portalsaofrancisco.com.br/literatura-infantil/as-fadas

 

10. A mulher dengosa

Era uma vez um homem casado com uma mulher muito dengosa, que fingia não querer comer nada diante do marido. O marido foi reparando naquelas afetações da mulher, e quando foi num dia ele lhe disse que ia fazer uma viagem de muitos dias. Saiu, e em vez de partir para longe, escondeu-se por detrás da cozinha, numa pilastra.

A mulher, quando se viu sozinha, disse para a empregada: “Faz aí uma tapioca bem grossa, que eu quero almoçar.” A empregada fez e a mulher bateu tudo, que nem deixou farelo.

Mais tarde ela disse à empregada: “Me mata aí um capão e me ensopa bem ensopado para eu jantar.” A empregada preparou o capão, e a mulher devorou todo ele e nem deixou farelo.

Mais tarde a mulher mandou fazer uns beijus muito fininhos para merendar. A empregada os aprontou e ela os comeu. Depois, já de noite, ela disse à empregada: “Prepara-me aí umas macaxeiras bem enxutas para eu cear.” A empregada preparou as macaxeiras e a mulher ceou com café́.

Nisto caiu um pé́ d’água muito forte. A empregada estava tirando os pratos da mesa, quando o dono da casa foi entrando pela porta a dentro. A mulher foi vendo o marido e dizendo:

Oh, marido! Com esta chuva tão grossa você veio tão enxuto!?” Ao que ele respondeu: “Se a chuva fosse tão grossa como a tapioca que vós almoçastes, eu viria tão ensopado como o capão que vós jantastes; mas como ela foi fina como os beijus que vós merendastes, eu vim tão enxuto como a macaxeira que vós ceastes.” A mulher teve uma grande vergonha e deixou-se de dengos.

Fonte: https://www.culturagenial.com/contos-populares-comentados/

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