Preparamos um Simulado de Português sobre interpretação de texto. Essa é uma matéria que costuma gerar muitas dúvidas e inseguranças no Ensino Médio, mas com a prática e o devido preparo é possível alcançar excelentes resultados.
Leia o texto abaixo para responder as questões 1 e 2.
Heresia
As culturas científica e humanística eram separadas, entre outras razões, pela linguagem. Tinham vocabulários diferentes. Seus códigos não combinavam. Previa-se até que se distanciariam tanto que um dia nenhuma comunicação seria possível entre as duas. O advento da língua comum dos computadores parecia ter diminuído essa discrepância, mas curiosamente a divisão perdurou, agora entre facções da mesma cultura, que usam o mesmo vocabulário e não se entendem. Economistas de um lado e de outro (rudemente, esquerda e direita) lidam com os mesmos números, analisam os mesmos gráficos, recebem as mesmas informações e falam todos o mesmo idioma universal, só variando o estilo – e veem e preveem coisas diferentes.
A não ser que se procure a causa da cisão no terreno movediço do caráter de cada um, ela não tem explicação. Ou tem: o mundo da ciência econômica, como todos os mundos, está subdividido entre humanistas e seus contrários, que divergem nos seus pressupostos antes de divergirem nas suas interpretações e receitas. O que os separa é o valor que dão à vida humana, o princípio de todas as equações matemáticas para uns e um dado irrelevante para outros. Não se trata de ter melhor ou pior coração. Como já disse alguém, ninguém tem o monopólio dos bons sentimentos. Mas a sua escolha de lado na divergência entre economistas, no fim, é uma definição de escolha política. É-se solidário pela mais egoísta das razões, por uma preocupação elementar com a salubridade do meio em que se respira, porque uma civilização que sacrifica o ser humano pelo lucro não é exatamente o ambiente em que se quer viver.
Quando a Europa submergiu na intolerância religiosa e no obscurantismo da Idade das Trevas, dominada por uma espécie de pensamento único que condenava como heresia qualquer forma de desafio dos dogmas da Igreja, e nem os reis sabiam ler, foi nos claustros da própria Igreja que a escrita e a cultura clássica foram preservadas e, quase sem querer, resistiram ao dogma. Hoje, outra vez, uma minoria herética se vê sitiada por dogmas inquestionáveis. Mas a Idade das Trevas acabou na Renascença.
(Por Luiz Fernando Veríssimo. Disponível em: http://www.jornalcontato.com.br/home/index.php/heresia-luis-fernando-verissimo-o-globo/
1. (FSERJ) Esse texto foi escrito com a finalidade comunicativa de:
a) Defender o respeito à vida humana.
b) Defender o ponto de vista científico.
c) Esclarecer as divergências entre economistas de esquerda e de direita.
d) Explicar a diferença entre a cultura científica e a cultura humanística.
e) Enaltecer as culturas pela união e parceria pela vida.
2. (FSERJ) De acordo com o texto, a cultura científica e a cultura humanística:
a) Distanciaram-se tanto, que não conseguem mais dialogar.
b) Representam duas formas diferentes de interpretar o mundo.
c) Fundiram-se com a globalização das informações, por isso não há mais divisão de lados.
d) Mantêm não só suas diferenças bem delimitadas, como também um vocabulário próprio.
e) Trabalham com o mesmo objetivo, por isso unira-se em prol da vida.
Leia atentamente o texto.
Fonte: Fonte: Assessoria de Comunicação ACAERTc/ Revista Imprensa (01/11/2019)
3. Compreende-se a partir das informações trazidas pelo gráfico que
a) o telejornalismo comprovou ser mais confiável dos que as redes sociais e demais aplicativos de mensagens.
b) segundo o estudo, as mídias sociais são consideradas as fontes de notícias mais confiáveis.
c) veículos de notícias exclusivamente online são considerados não confiáveis por toda a população.
d) a imprensa não conseguiu livrar-se das acusações de fake news e continuou a amargar altos níveis de desconfiança entre os consumidores de notícias.
e) os aplicativos de mensagens foram os mais indesejados para se confiar em suas informações.
Leia o texto:
O poeta declina de toda responsabilidade na marcha do mundo capitalista e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas promete ajudar a destruí-lo como uma pedreira, uma floresta, um verme.
(Autor: Carlos Drummond de Andrade)
4. Sobre as funções da literatura, leia as afirmações abaixo e marque a opção que corresponde às ideias dos versos acima.
a) O caráter ficcional da literatura nos permite entrar em contato com a nossa história, nossa trajetória como nação.
b) Por meio da convivência com os textos literários, que traçam tantos e diversos destinos, a literatura acaba por nos oferecer possibilidades de resposta a questões comuns a todos os seres humanos.
c) A literatura acompanha a trajetória humana, pois os mundos construídos por ela são completamente distintos dos mundos familiares. As pessoas que habitam esses mundos literários são completamente distintas e vivem problemas totalmente diferentes dos nossos.
d) A literatura tem o poder de transportar o ser humano, provocar alegria ou tristeza, divertir ou emocionar. Ela nos oferece um descanso dos problemas cotidianos, quando nos descortina o espaço do sonho e da fantasia.
e) A literatura pode ter um papel fundamental: o de criticar a realidade, em relação a causas sociais e políticas.
Considere o texto a seguir e responda à questão.
Presente no Brasil há 161 anos, desde o reinado de Dom Pedro II, o serviço estatal de telegramas encontrou na tecnologia uma aliada para resistir ao tempo. A transmissão via internet, que teve início em 2001, impulsionou o tráfego de mensagens no País, dando sobrevida a esse braço dos Correios. (…) A atual transmissão eletrônica é chamada de HÍBRIDA: os dados são captados pela Web e depois a mensagem é impressa e envelopada por máquinas na agência mais próxima do destinatário, sem a intermediação humana.
(O Estado de S. Paulo, 26 jul. 2013.)
5. A palavra em destaque “HÍBRIDA” indica que a transmissão de telegramas atualmente:
a) faz uso tanto de meios eletrônicos quanto mecânicos.
b) depende da intermediação humana em todas as fases.
c) usa uma combinação de meios eletrônicos.
d) ocorre integralmente por transmissão mecânica.
e) combina a ação manual com a eletrônica.
Leia o texto
Luz sob a porta
– E sabem que que o cara fez? Imaginem só:
me deu a maior cantada! Lá, gente, na porta de minha
casa! Não é ousadia demais?
– E você?
– Eu? Dei telogo e bença pra ele; engraçadinho,
quem ele pensou que eu era?
– Que eu fosse.
– Quem tá de copo vazio aí?
– Vê se baixa um pouco essa eletrola, quer pôr a gente surdo?
VILELA, Luiz. Tarde da noite. São Paulo: Ática, 1998. p. 62.
6. O padrão de linguagem usado no texto sugere que se trata de um falante
a) escrupuloso em ambiente de trabalho.
b) ajustado às situações informais.
c) rigoroso na precisão vocabular.
d) exato quanto à pronúncia das palavras.
e) contrário ao uso de expressões populares.
Leia.
Namoro
O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Vocês dois no telefone:
– Desliga você.
– Não, desliga você.
– Você.
– Você.
– Então vamos desligar juntos.
– Tá. Conta até três.
– Um… Dois… Dois e meio…
Ridículo agora, porque na hora não era não.
Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um para o outro, lembra? Eram ridículos.
Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha (Gongonhal) Mamosa. Purupupuca…
Não havia coisa melhor do que passar tardes inteiras num sofá, olho no olho, dizendo:
– As dondozeira ama os dondozeiro?
– Ama.
– Mas os dondozeiro ama as dondozeira mais do que as dondozeira ama os dondozeiro.
Na-na-não. As dondozeira ama os dondozeiro mais do que, etc.
E, entremeando o diálogo, longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de línguas, beijos de amígdalas, beijos catetéricos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque nunca mais.
Depois de ridículo, o melhor do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer nada, arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está com alguém, ou para fingir que não vê, ou para ver e ignorar, ou para dar um abano amistoso querendo dizer que ela ou ele agora significa tão pouco que podem até ser amigos, está mentindo.
Ah, está mentindo.
E melhor do que as brigas são as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais lamentáveis, vistos de longe.
A gente brigava mesmo era para se reconciliar depois, lembra? Oito entre dez namorados transam pela primeira vez fazendo as pazes.
Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense. 13/06/1999.
7. No texto, considera-se que o melhor do namoro é o ridículo associado:
a) às brigas por amor.
b) às mentiras inocentes.
c) às reconciliações felizes.
d) aos apelidos carinhosos.
e) aos telefonemas intermináveis.
Observe a imagem, em seguida responda à questão 8.
Disponível em: https://goo.gl/yB3k9f. Acesso em: 6 out. 2017.
8. O anúncio trata de vagas de estágios para uma assessoria de comunicação. Como recurso morfossintático, a conjunção “mas”, utilizada no texto principal, estabelece uma ideia de que o importante para o anunciante é contratar alguém que
a) tenha ambição para crescer profissionalmente.
b) esteja preparado para exercer a profissão.
c) precise de menos qualificação profissional.
d) compartilhe seus conhecimentos.
e) saiba trabalhar em equipe.
Leia o texto abaixo e responda as questões 9 e 10.
Trançar a vida é fitar os laços com quem corre ao seu lado
[…] Recolher-se é colher as partes que formam a sua torre de autoconhecimento. É a identificação da dor da outra como sendo a sua. E a sua sendo a dela. É crescer por dentro e junto com elas. […]
Não basta saber dessa existência. É preciso cultivar. Cuidar. Trançar. Amarrar os laços de respeito, reciprocidade e cuidado para que os ataques externos não nos derrubem. Afinal, se uma cair, todas cairão. Se a outra se reerguer, todas irão permanecer erguidas.
Usar da palavra como alicerce da reconstrução da sua vida é tomar para si a linguagem e fazer dela seu terreno de germinações. Produzir. Criar. Recomeçar.
Os imperativos para essa retomada são o estado de reconciliação com a sua jornada. Se apaziguar com as suas raízes. Reconhecer as que estão ao seu lado. E perceber a vitalidade nas relações de irmandade que são construídas ao longo do seu processo de cura e reconhecimento de si.
O espelho não é mais o inimigo de si, e que te faz se comparar com a outra. Ele torna-se o que ele é: reflexo. A identificação da sua trajetória através do reflexo das que correm junto contigo.
Não se trata de relações subordinadas. Mas sim de bordados. Costura. Coletividade sem negar a sua individualidade. É flor do cacto. O veneno enquanto o antídoto. A crítica que constrói e gera movimento.
Reconhecer que se cresce por dentro e através da outra vai muito além de relações fixas e superficiais. Exige-se empenho, cuidado e amorosidade. Se doar pelos olhos da identificação. Se permitir ser acolhida pelo merecimento do que tu és. […]
JESUS, Claudia Kathyuscia Bispo de. Disponível em: https://bit.ly/3yFMSI1
9. Nesse texto, no trecho “É preciso cultivar.” (2º parágrafo), a expressão em destaque foi usada para
a) remeter a razão pela qual a reflexão do conteúdo abordado no texto é importante.
b) expor a dúvida do enunciador em relação ao assunto abordado no texto.
c) expressar uma solicitação do enunciador em relação ao assunto abordado no texto.
d) apresentar a opinião do enunciador acerca do assunto abordado no texto.
e) revelar a indiferença do enunciador em relação ao assunto abordado no texto.
10. A representação da mulher em evidência nesse texto é
a) a idealização de um caráter puro e ingênuo.
b) a consagração de direitos no mercado de trabalho.
c) a declaração contra a tradição dos casamentos arranjados.
d) a exaltação da beleza de forma exagerada.
e) a aliança baseada na empatia e no companheirismo.
Observe a tirinha e responda as questões 11 e 12.
Disponível em http://jananias.blogspot.com.br/2009/10/charges-interessantes.html. Acesso em 13/05/2017.
11. A charge critica a política executada pelos planos de saúde, pois
a) cobram mais caro dos jovens e mais barato dos idosos, porque estes precisam mais.
b) cobram muito caro da população e não prestam um serviço de qualidade.
c) privilegiam os jovens, que usam pouco, e discrimina os velhos, que usam mais os planos de saúde.
d) os planos de saúde agem de forma humana e tratam todos os pacientes com igualdade.
e) privilegiam os jovens, já que eles usam muito os planos de saúde.
12. A imagem do esqueleto com a foice nas mãos representa na charge
a) o interesse dos planos de saúde em cuidar bem das pessoas idosas.
b) o descaso e o desinteresse com que os planos de saúde tratam seus clientes idosos.
c) a realidade cruel do sistema público de saúde e a má assistência aos idosos.
d) o número elevado de mortes de idosos que são atendidos nos hospitais pelos planos de saúde.
e) a fase da vida de uma pessoa em que ela mais precisa de atendimento pelos planos de saúde.
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GABARITO
1A / 2B / 3A / 4E / 5A / 6B / 7C / 8A / 9D / 10E / 11C / 12B
Respostas de 7
É bom o site
Muito obrigado, Maria Luiza!
Atividade muito boa.
Gostaria do gabarito por favor!
Olá. O gabarito acabou de ser adicionado à publicação!
Gostaria do gabarito por favor.
Gabarito postado abaixo do simulado!